Este mal, no mais das vezes congênito, ainda é corrigido de modo apenas paliativo, mesmo com o emprego de cirurgias radicais.
o ALTERAÇÕES ADQUIRIDAS;
o A DIFÍCIL MELHORA;
As artroses dos quadris decorrem de alterações nos elementos constituintes da articulação: cápsula, ligamentos, membrana sinovial, cartilagens articulares ou cabeça dos ossos. Essas irregularidades muitas vezes resultam do desgaste natural das articulações; são, portanto, artroses secundárias, muito embora também possam ser causadas por fatores congênitos.
A luxação congênita do quadril, a alteração óssea congênita, a osteocondrite juvenil, os traumas e afecções inflamatórias constituem as causas mais frequentes das artroses secundárias.
Muitas vezes durante a gravidez, ou mesmo no momento do parto, podem ocorrer alterações de duas ou mais peças ósseas (luxação congênita). Se for percebido em tempo a irregularidade e se recorre ao tratamento médico, os ossos se rearticulam perfeitamente. Mas, se a criança só é tratada depois do quarto mês de vida, as irregularidades nas superfícies articulares (cabeça do fêmur e acetábulo) já se tornam mais sérias. Os sintomas demoram a aparecer: só por volta dos 30 ou 40 anos a pessoa começa a se movimentar com dificuldade. Sente muita dor e manca.
Já nas alterações ósseas de tipo congênito, a claudicação e a dor se manifestam precocemente. O acetábulo e a cabeça femoral apresentam curvatura diferente e, como consequência, o peso do corpo provoca a ruptura da cartilagem articular. Os ossos, desnudados, se atritam, causando dores violentas. Esse processo leva à redução progressiva dos movimentos.
ALTERAÇÕES ADQUIRIDAS — O desenvolvimento da cabeça do fêmur pode ser prejudicado por problemas circulatórios, quando o paciente conta com mais de 6 e menos de 10 anos de idade. O -núcleo central (epifisário) do osso, que está então se desenvolvendo, não consegue adquirir forma perfeitamente redonda e a cabeça do fêmur não se articula mais deforma adequada ao acetábulo, que permanece esférico. A deficiência na articulação dos dois ossos provoca a artrose denominada osteocondrite.
As artroses também podem ser provocadas por fraturas intracapsulares no colo do fêmur. Com a alteração circulatória daí resultante, a cabeça do fêmur degenera.
A artrite aguda produzida por infecções ou reumatismo também ocasiona distúrbios na circulação sanguínea da cabeça do fêmur, distúrbios esses que acabam por perturbar a estrutura do osso. Há um tipo de artrose que não parece ter origem nos prejuízos causados por outras doenças. É a artrose primitiva ou essencial, que só se manifesta tardiamente, por volta dos 50 ou 60 anos, e causa grande prejuízo ao movimento de locomoção.
A DIFÍCIL MELHORA — A artrose dos quadris, seja de tipo primário, seja secundário, tende a piorar progressivamente, dados os efeitos do peso corporal. O tratamento médico pode influir somente em relação aos efeitos colaterais, representados especialmente pela inflamação dos tecidos articulares (membrana sinovial, cápsula). A roentgenterapia provoca desaceleração dos processos degenerativos, e é, portanto, recurso aconselhável. Apresenta, porém, séria restrição: os órgãos do aparelho reprodutor podem degenerar com a aplicação de raios X. Por isso esse recurso só deve ser utilizado quando a mulher já tem mais de 50 anos. Nos homens, também para evitar a esterilização, a medida só é recomendada a partir dos 40 anos de idade. O processo degenerativo também é amenizado quando a pessoa toma alguns cuidados especiais, como repouso e redução do peso.
A cirurgia da artrose do quadril está em contínua evolução. Os médicos têm procurado restabelecer as condições normais da articulação e ao mesmo tempo reduzir a evolução dos processos determinantes da artrose.
As soluções cirúrgicas podem ser do tipo radical: artródese, artroplástica; ou, ainda, do tipo paliativo. A artródese é realizada sem engessamento, e o paciente quase não corre riscos operatórios. A articulação, nesse caso, é abolida, e a pessoa então não sente mais dor. Os movimentos, porém, ficam prejudicados: é preciso que sempre se mantenha o joelho reto, fato que acaba por acarretar sérias dificuldades.
Na cirurgia artroplástica, a cabeça dos ossos doentes é substituída, por meio de prótese. A pessoa então pode caminhar, embora mancando um pouco. Senta-se normalmente e algumas dores ainda permanecem. Esse tipo de intervenção cirúrgica, bastante satisfatório, exige que o acetábulo seja capaz de conter a cabeça artificial do fêmur. A intervenção de caráter paliativo pode ser feita para corrigir o ângulo entre o fêmur e o colo (125°): trata-se do processo de osteotomia.
O recurso final é a tenotomia, intervenção paliativa mais praticada. Permite maior movimentação dos quadris, e diminui as dores, não oferecendo obstáculos para novas intervenções.