8) AS ARTROSES DOS QUADRIS




Este mal, no mais das vezes congênito, ainda é corrigido de modo apenas paliativo, mesmo com o emprego de cirurgias radicais.
o      ALTERAÇÕES ADQUIRIDAS;
o      A DIFÍCIL MELHORA;


As artroses dos quadris decorrem de alterações nos elementos constituintes da articulação: cápsula, ligamentos, membrana sinovial, cartilagens articulares ou cabeça dos ossos. Essas irregularidades muitas vezes resultam do desgaste natural das articulações; são, portanto, artroses secundárias, muito embora também pos­sam ser causadas por fatores congênitos.

A luxação congênita do quadril, a alteração óssea congênita, a osteocondrite juvenil, os traumas e afecções inflamatórias consti­tuem as causas mais frequentes das artroses secundárias.

Muitas vezes durante a gravidez, ou mesmo no momento do par­to, podem ocorrer alterações de duas ou mais peças ósseas (luxa­ção congênita). Se for percebido em tempo a irregularidade e se recor­re ao tratamento médico, os ossos se rearticulam perfeitamente. Mas, se a criança só é tratada depois do quarto mês de vida, as irregularidades nas superfícies articulares (cabeça do fêmur e acetábulo) já se tornam mais sérias. Os sintomas demoram a aparecer: só por volta dos 30 ou 40 anos a pessoa começa a se movimentar com dificuldade. Sente muita dor e manca.

Já nas alterações ósseas de tipo congênito, a claudicação e a dor se manifestam precocemente. O acetábulo e a cabeça femoral apre­sentam curvatura diferente e, como consequência, o peso do corpo provoca a ruptura da cartilagem articular. Os ossos, desnudados, se atritam, causando dores violentas. Esse processo leva à redução progressiva dos movimentos.

ALTERAÇÕES ADQUIRIDAS — O desenvolvimento da ca­beça do fêmur pode ser prejudicado por problemas circulatórios, quando o paciente conta com mais de 6 e menos de 10 anos de ida­de. O -núcleo central (epifisário) do osso, que está então se desen­volvendo, não consegue adquirir forma perfeitamente redonda e a cabeça do fêmur não se articula mais deforma adequada ao acetábulo, que permanece esférico. A deficiência na articulação dos dois ossos provoca a artrose denominada osteocondrite.

As artroses também podem ser provocadas por fraturas intracapsulares no colo do fêmur. Com a alteração circulatória daí re­sultante, a cabeça do fêmur degenera.

A artrite aguda produzida por infecções ou reumatismo também ocasiona distúrbios na circulação sanguínea da cabeça do fêmur, distúrbios esses que acabam por perturbar a estrutura do osso. Há um tipo de artrose que não parece ter origem nos prejuízos causa­dos por outras doenças. É a artrose primitiva ou essencial, que só se manifesta tardiamente, por volta dos 50 ou 60 anos, e causa grande prejuízo ao movimento de locomoção.

A DIFÍCIL MELHORA — A artrose dos quadris, seja de tipo primário, seja secundário, tende a piorar progressivamente, dados os efeitos do peso corporal. O tratamento médico pode influir so­mente em relação aos efeitos colaterais, representados especial­mente pela inflamação dos tecidos articulares (membrana sinovial, cápsula). A roentgenterapia provoca desaceleração dos processos degenerativos, e é, portanto, recurso aconselhável. Apresenta, po­rém, séria restrição: os órgãos do aparelho reprodutor podem de­generar com a aplicação de raios X. Por isso esse recurso só deve ser utilizado quando a mulher já tem mais de 50 anos. Nos ho­mens, também para evitar a esterilização, a medida só é recomendada a partir dos 40 anos de idade. O processo degenerativo tam­bém é amenizado quando a pessoa toma alguns cuidados espe­ciais, como repouso e redução do peso.

A cirurgia da artrose do quadril está em contínua evolução. Os médicos têm procurado restabelecer as condições normais da arti­culação e ao mesmo tempo reduzir a evolução dos processos de­terminantes da artrose.

As soluções cirúrgicas podem ser do tipo radical: artródese, artroplástica; ou, ainda, do tipo paliativo. A artródese é realizada sem engessamento, e o paciente quase não corre riscos operató­rios. A articulação, nesse caso, é abolida, e a pessoa então não sen­te mais dor. Os movimentos, porém, ficam prejudicados: é preciso que sempre se mantenha o joelho reto, fato que acaba por acarre­tar sérias dificuldades.

Na cirurgia artroplástica, a cabeça dos ossos doentes é substi­tuída, por meio de prótese. A pessoa então pode caminhar, embora mancando um pouco. Senta-se normalmente e algumas dores ain­da permanecem. Esse tipo de intervenção cirúrgica, bastante satis­fatório, exige que o acetábulo seja capaz de conter a cabeça artifi­cial do fêmur. A intervenção de caráter paliativo pode ser feita pa­ra corrigir o ângulo entre o fêmur e o colo (125°): trata-se do pro­cesso de osteotomia.

O recurso final é a tenotomia, intervenção paliativa mais prati­cada. Permite maior movimentação dos quadris, e diminui as do­res, não oferecendo obstáculos para novas intervenções.