10) LESÕES DO PÉ E JOANETES





Resultantes de topadas ou choques contra o chão, esses traumatismos são tratados com o emprego de técnicas ortopédicas especiais.
o      DISTORÇÕES;
o      FRATURA DO PÉ;
o      OUTRAS FRATURAS;
o      CALOSIDADE ESPESSA.



As contusões dos pés são bastante corriqueiras. A mais típica e frequente delas é aquela que atinge a falange — osso localizado sob a unha do hálux, ou seja, o dedo grande tio pé. Essa contusão resulta normalmente de bandas contra objetos pesados ou, então, da queda acidentai destes sobre os pés. Pode, entretanto, ocorrer até por causa de um pisão. O trauma que sobrevêm eventualmente determina uma fratura na falange. Ema não exige imobilização ri­gorosa, mas apenas muita atenção: é possível que o hematoma que se forma imediatamente após. por debaixo da unha, descolando-a — se infeccione, dando lugar aos desagradáveis e dolorosos panarícios.

Logo depois da contusão, deve-se imergir o pé acidentado em água fria corrente, lavando-a em seguida com água tépida e sabonete. Pode-se também recobri-lo com uma pomada anti-séptica, que, em hipótese alguma, deverá ser esfregada. Esse tratamento é repelido por um período de 3 ou 4 dias.

O paciente terá, no entanto, de aguentar o latejamento, durante todo o período em que se mantiver o hematoma. Este será naturalmente reabsorvido pelo organismo e, no momento em que isso ocorrer, cessarão por completo os incômodos latejamentos. Terminado esse processo ao longo de uma semana ainda, o dedo será lavado diariamente com água tépida, enxugado cuidadosamente e sobre ele serão feitas aplicações de pomada antibiótica. Ao terminar esse segundo prazo, poderá ser necessário o descolamento da unha, o que se fará pela frente e pelos lados, até que ela possa ser extraída por inteiro e sem dor.

DISTORÇÕES – A articulação entre a tíbia e o tarso e a articulação subtalar são geralmente as regiões mais atingidas pelas torções. Nesses casos, elas se denominam torções do colo do pé. afetando a cápsula articular das articulações citadas e também os ligamentos deltóides que se encontram entre o maléolo interno e o tálus, o talofibular anterior e o posterior, e o calcaneofíbular, entre vários outros.

A dor que acompanha as torções do pé é muito viva e seguida quase sempre de hematoma. Se o sangue pisado não aparece, é si­na! de que inexistem lesões anatômicas: bastará, então, um longo banho frio, afim de que o uso do pé retorne a uma quase completa normalidade. Mas, se os hematomas surgirem, far-se-á necessária a imobilização por 10 ou 15 dias, através de uma botinha de gesso que venha da planta do pé ale o joelho, exclusive, principalmente se o paciente for obrigado a caminhar.

Quando se puder reduzir ou evitar caminhadas, é suficiente uma faixa elástica bem posta, que firmará a articulação durante 8 dias. Ao fim desse período a faixa só precisa ser utilizada durante o dia. A aplicação de calor, a fim de que se ajude a recuperação funcional, não deve ser praticada antes do vigésimo dia após o trauma.

FRATURA DO PÉ — O osso mais importante do pé, em virtu­de de suas relações mecânicas, é o tálus ou astrágalo. Situado no centro da articulação entre a perna e o pé, ele estabelece contato com a tíbia e o perônio, assim como com o calcâneo e o escafóide do tarso. Suas fraturas são sempre graves, de difícil recomposição, quer por meio de trações, quer por cirurgia, pois sempre deixam um prejuízo qualquer nos movimentos.

O calcâneo, que também se rompe por meio de choques diretos, pode apresentar um trauma específico: no momento da fratura, o músculo tríceps, com seu robustíssimo tendão, puxa para cima a parte póstero-inferior do osso, ou uma porção dela — a tuberosidade do calcâneo. A fratura atinge normalmente as duas articula­ções entre o astrágalo e o calcâneo.


E por mais correta que seja a redução, existe a possibilidade de instauração de uma artrose — nome dado a qualquer lesão articular —, com grave comprometimento do aro de caminhar. As fraturas do calcâneo podem ser reduzidas cirurgicamente, se a intervenção ocorrer nas primeiras 48 horas após o trauma. Depois, em virtude do aparecimento de um grande hematoma, a pele não poderá ser rompida sem que corra o risco de se infeccionar. Antes, porém, de se aplicar tração sobre os ossos, deve-se aguardar 4 ou 5 dias, a fim de que o hematoma diminua: o pé permanece em tração pelo menos por 30 dias.

OUTRAS FRATURAS— Os ossos do metatarso fraturam-se até espontaneamente, ao atingirem os estágios mais graves da osteoporose — doença em que há rarefação da tecido ósseo. Não causam, porém, graves danos. Poucos dias de imobilização com gesso bastam para a recuperação da primitiva integridade.

Menção particular merece a fratura da base do 5º osso do metatarso, que provoca uma distorção externa do pé. O tendão do mús­culo perônio curto que se insere sobre ele leva para cima metade da grossa clava, sobre a qual, durante o ato de andar, recai quase todo o peso da parte lateral do pé. Se o deslocamento é notável, de­ve-se usar um parafuso para reconstruir sua integridade. Não é ne­cessário, no entanto, nenhum tratamento particular, nem mesmo o engessamento.

As falanges dos dedos do pé rompem-se facilmente. Das três é a falange proximal a que se fratura com maior frequência, por ser a mais longa e a mais frágil. Aplicações de frio e repouso são a base do tratamento, salvo se se tratar da falange proximal do hálux, que reclama imobilização — botinha gessada — por um prazo de cer­ca de 3 semanas.

CALOSIDADE ESPESSA — A parte anterior do pé, às vezes, se alarga transversalmente. Os ossos do metatarso abrem-se em le­que e os dedos, convergindo, se fecham sobre eles. O hálux, de ma­neira particular, se desvia em direção à parte externa do pé, até formar um ângulo acentuado.

O peso altera-se notavelmente na parte anterior do pé, porque o pomo de apoio se vai transferindo gradativamente da cabeça do 1º e 5º ossos do metatarso para as dos ossos do metatarso cen­tral, sob os quais se forma uma espessa calosidade. A cabeça do 1º osso do metatarso cresce demasiadamente e é bastante comum o aparecimento de uma bolsa protetora cheia de líquido, que pode chegar a infectar-se. Este é o processo de instalação dos joanetes, que também podem ser congênitos.

Nenhuma terapia preventiva é possível, assim como o tratamen­to, sem que se proceda à abertura do local. Torna-se obrigatória a cirurgia. O engessamento não é necessário: depois de 4 ou 5 dias volta-se a andar e, após 30 ou 40 dias aproximadamente, podem-se calçar sapatos.

A mobilidade do hálux retorna ao normal, se for bem exercitada depois da intervenção. Quando o apoio já se realiza sobre as cabe­ças dos 2º, 3º e 4º ossos do metatarso — metatarso central —, devem-se antes de mais nada fazer a correção do hálux, para depois firmar o local por intermédio de uma faixa elástica, durante um ano, afim de que se consiga a diminuição do espaço entre as cabe­ças dos ossos do metatarso.

Se, no entanto, não se modifica o apoio por intermédio desse processo, há necessidade de retocar o resultado com uma osteotomia — talho do osso —, em forma de cunha, na base dos ossos do metatarso. Essa prática possibilita o levantamento dos ossos do metatarso, tanto quanto for necessário, sem que se dê a alteração dos delicados relacionamentos entre eles e os dedos. A osteotomia não evita, porém, o engessamento do pé operado.