7) ARTROSE, CIATALGIA E BRANQUIALGIA


Algumas alterações degenerativas das articulações só podem ser consideradas doenças quando não correspondem à idade do paciente.
o      A DEGENERAÇÃO;
o      PESO E IDADE;
o      EXERCÍCIOS E OUTROS HÁBITOS;
o      O NERVO CIÁTICO;
o      DORES;



As moléstias das articulações, em muitos casos, atrofiam os membros e imobilizam' o doente. Uma delas é a artrite, processo de caráter inflamatório, agudo ou crônico, que afeta as articula­ções, e mais especialmente o revestimento sinovial. Recebe então o nome de sinovite. Quando atinge de preferência a membrana sinovial, mas sem exclusão de outros componentes articulares, é co­nhecida como artrossinovite.

Em alguns casos, o ponto de ataque são as extremidades ósseas (osteartrite). Mas, à medida que a doença progride, cartilagem, osso, cápsula, tendões adjacentes e estruturas periarticulares tam­bém se tornam comprometidos. E quando a afecção se generaliza pelas articulações, passa a receber o nome de poliartrite.

A DEGENERAÇÃO — Além dos processos inflamatórios, há aqueles de caráter degenerativo. Uma dessas formas é representa­da pela artrose, afecção que pode surgir em consequência de trau­mas, infecções ou defeitos congênitos.

A causa mais frequente, po­rém, é o desgaste natural das articulações, resultante do trabalho que elas realizam e das condições em que isso se processa.

Existem articulações que, tão logo completam o crescimento, começam a apresentar sinais de artrose: principalmente as articu­lações das vértebras dorsais e, em seguida, as cervicais e lombares. Segue-se em frequência a artrose das articulações dos joelhos, dos pés e dos quadris. Sinais radiográficos de artrose da coluna dorsal aparecem, normalmente, a partir dos 25 anos; os da coluna cervi­cal, aos 30; os da coluna lombar, aos 40; e os do joelho, aos 50. \o entanto, somente quando a gravidade das alterações degenera­tivas não corresponde à idade é que se pode considerar a artrose uma moléstia.

Em estágios mais avançados, a artrose provoca alterações na es­trutura dos ossos que compõem as articulações. Produz então ex­crescências ósseas (osteofitos), geralmente em forma de vírgula, conhecidas como "bicos-de-papagaio". Nessas condições, a afec­ção recebe o nome de artrose deformante.

PESO E IDADE — O osteofito ou "bico-de-papagaio", que à primeira vista parece constituir processo patológico, hoje em dia é considerado processo de reparação articular. Assim, muitas ve­zes, ao se radiografar o abdome de pessoas idosas, são encontra­dos inúmeros osteofitos, sem que o paciente tenha antes apresenta­do a sintomatologia de dores lombares características.

Na realidade, o osteofito aumenta a área de contato vertebral, diminuindo, portanto, a pressão intervertebral e bloqueando os movimentos segmentares correspondentes.

O aparecimento da artrose condiciona-se também ao peso do indivíduo: em igualdade de trabalho, um homem de 40 anos pe­sando 100 quilos estará tão sujeito à artrose quanto um homem de 60 anos que pese 50 quilos. Pode-se dizer, por exemplo, que a ar­trose se torna incômoda apenas para os gordos. Nas pessoas ma­gras, quando existe, passa despercebida.

A causa desse fato reside no rebaixamento dos discos intervertebrais que recebem sobrecarga: última vértebra lombar e quinta cervical. Essa ocorrência é frequente após os 40 anos, especialmen­te entre as pessoas de peso excessivo.

EXERCÍCIOS E OUTROS HÁBITOS — Até hoje não foi en­contrada a forma de se evitar o aparecimento da artrose. O que se pode fazer é tentar limitar ao máximo sua evolução. Para isso, é indispensável que seja mantido o peso adequado e se evitem todas as causas locais de alterações circulatórias, como friagem e umidade, além de posições e hábitos incorretos. E mais: é necessário que as articulações mais utilizadas sejam poupadas pela prática de repouso adequado, enquanto aquelas menos exercitadas devem manter-se em movimento.
                               


Mais conveniente do que os tratamentos anti-artrósicos — às vezes perigosos e quase sempre inúteis — é a melhora constante dos hábitos de vida, trabalho, recreação e alimentação.

A propósito de reumatismo, friagem e umidade, é necessário lembrar que causa maiores danos às articulações o agasalho em excesso do que o fato de serem deixadas livres para defender-se por si contra os estímulos do ambiente. Além disso, a umidade pre­judicial é a do ambiente e do clima, não a da ducha ou do banho, desde que se faça uso de água tépida.

O NERVO CIÁTICO — Da última porção da coluna lombar, bem como da região sacral, saem quatro raízes nervosas que se reúnem atrás do quadril, na profundidade dos músculos glúteos, para formar um grande nervo: o ciático, que volta a se dividir na coxa e percorre todo o membro inferior até o pé. As dores provo­cadas por lesão desse nervo recebem o nome de ciatalgia ou isquialgia. A lesão que apresenta pode ser intrínseca ao nervo (nevrite) ou surgir ao nível de sua origem (radiculite).

A nevrite independe das condições da coluna. Frequentemente, pode ser determinada pelas lesões do tronco principal do nervo ciá­tico, na região glútea, em consequência de injeções malfeitas. Es­tas podem causar a puntura direta do nervo ou a deposição de substâncias irritantes nas áreas que lhe estão próximas.

Se a radiculite for de natureza irritativa ou inflamatória, poderá agir atingindo várias raízes nervosas; se determinada por compres­são ao nível de um disco intervertebral, afetará uma única raiz, como geralmente acontece nas hérnias discais.

A lombociatalgia constitui dano mais complexo, que se origina de alteração ao nível da coluna vertebral lombar. Por sua consti­tuição e posição, o nervo ciático está exposto a numerosas possibi­lidades de lesão.

Friagem, má posição e compressões ao longo de seu percurso são fatores que podem provocar dores incômodas, mas que não devem preocupar. Geralmente transitórias, não assumem significa­do clínico. Manifestação típica é a dor do nervo provocada pelo cruzamento das pernas, o que ocasiona torpor e insensibilidade no pé. Esses sintomas, porém, desaparecem em poucos minutos.

DORES — As dores do pescoço e da coluna cervical têm as mesmas causas apresentadas pelas manifestações dolorosas da re­gião lombar. Chama-se cervicalgia a dor que se localiza no pesco­ço, e torcicolo, a contração da musculatura deste. Caso existam dores radiculares, estas se manifestam ao longo das raízes que constituem o plexo cervical, levando sensações dolorosas a todo o membro superior, até a mão (braquialgia).

As lesões da coluna cervical podem ter influência sobre a circu­lação local e, portanto, sobre os centros cervicais do sistema ner­voso simpático. Dão lugar, assim, a incômodos distúrbios neurovegetativos, que recebem o nome de síndrome de Barre e são caracterizados por náuseas, dor no peito e vertigens.

Quando localizadas no lado esquerdo, essas manifestações po­dem ser interpretadas de modo a se confundir com os sintomas de distúrbios da irrigação do coração (crises de angina).

É oportuno, então, considerar essa eventualidade, lembrando sempre que a dor manifestada no braço esquerdo, decorrente das moléstias coronarianas, constitui apenas um sintoma complemen­tar e concomitante a outros muito mais caracterizados. O primeiro sintoma se apresenta como um intenso mal-estar, acompanhado de dor esterno! Gradativa e sensação de náuseas, tal como ocorre antes dos enfartes cardíacos.

Quando os males da circulação cervical se encontram acentua­dos, a eles podem associar-se alguns distúrbios do ouvido interno, que vêm normalmente acompanhados de outras perturbações: fe­nômenos auditivos e vertigens.