3) COLUNA VERTEBRAL



Pequenas peças ósseas, superpostas e unidas, compõem um pilar de sustentação, estrutura característica de todos os animais vertebrados.
o      REGIÕES DA COLUNA VERTEBRAL;
o      CARACTERÍSTICAS GERAIS;
o      CARACTERÍSTICAS PRÓPRIAS;
o      A COLUNA COMPLETA;
o      MOBILIDADE;
o      FRATURAS E LUXAÇÕES;


A coluna vertebral, também chamada coluna raquídia ou apenas raque, é constituída essencialmente por pequenos ossos discóides — as vértebras —, superpostos de maneira regular e unidos por ligamentos. A coluna está situada na linha média da parte posterior do tronco e, além de sustentar os ossos do crânio, da bacia, as costelas e a maior parte das vísceras, serve de proteção à medula espinhal ou nervosa.

A coluna é a estrutura que caracteriza todos os vertebrados: pei­xes, anfíbios (sapos), répteis, aves e mamíferos são dotados de colu­na vertebral. Além disso, os vertebrados apresentam uma extensão do sistema nervoso central — a medula — contida no interior da coluna.

REGIÕES DA COLUNA VERTEBRAL — Nos mamíferos, a co­luna vertebral é dividida em cinco regiões distintas: cervical (de cervix, pescoço), torácica, lombar, sacra/ e caudal (no homem, de­nominada coccígea).

A cervical, que representa o esqueleto do pescoço, é constituída por sete vértebras denominadas cervicais. Com exceção de apenas duas ou três espécies, há sempre sete vértebras cervicais em todos os mamíferos. Na girafa, essas vértebras têm um desenvolvimento extraordinário, enquanto que na baleia se fundem em um pequeno osso. As diferenças proporcionais de comprimento do pescoço en­tre homem, rato, girafa e baleia são inteiramente devidas ao desen­volvimento das vértebras cervicais, e não à variação em número, que ocorre nas aves.

A região dorsal ou torácica — eixo de sustentação do tórax — é formada por doze vértebras dorsais ou torácicas, que se articulam com as costelas e as sustentam.

A região lombar representa o apoio ósseo do abdome e compõe-se de cinco vértebras lombares.

No homem, a região sacral, com cinco vértebras sacrais, está soldada à coccígea, com quatro ou cinco vértebras coccígeas. Essa porção fecha por trás a cavidade da bacia. O cóccix é um remanes­cente da primitiva cauda, e sua ponta é o limite inferior da bacia.

CARACTERÍSTICAS GERAIS — Em sua parte anterior, as vér­tebras são formadas por um corpo; na parte posterior, por um arco, que delimita o orifício ou forame vertebral. O corpo é um pequeno cilindro sólido e achatado, ligeiramente oval. O arco localiza-se atrás do corpo e é formado principalmente por duas lâminas dis­postas em "V" e voltadas para a frente; essas lâminas unem-se ao corpo através de pedículos.

O orifício vertebral tem a forma aproximada de um círculo e é delimitado, anteriormente, pelo corpo, lateralmente, pelos pedícu­los, e, posteriormente, pelas lâminas do arco; a sobreposição dos orifícios vertebrais constitui o chamado canal vertebral, que con­tém a medula.

A articulação dos corpos vertebrais é feita por meio de discos intervertebrais, com exceção das vértebras da região sacrococcígea, que estão soldadas entre si. Os discos são coxins fibrocartilaginosos de grande resistência, que funcionam como articuladores e amortecem os choques sofridos pela coluna. As articulações são ainda facilitadas por ligamentos.





CARACTERÍSTICAS PRÓPRIAS — As vértebras apresentam características próprias, e até mesmo individuais, em cada uma das regiões da coluna vertebral, o que permite identificar facilmente a região a que pertencem. Entre as que possuem características in­dividuais mais evidentes, destacam-se duas vértebras cervicais: o atlas e o áxis.

O atlas é a primeira vértebra cervical. Nela, o corpo é substituí­do por um arco anterior; este é dotado de duas grandes massas laterais, que apresentam, na parte superior, uma superfície para a articulação com o osso occipital, da base do crânio.

A segunda vértebra cervical — o áxis — é provida de uma sa­liência cilíndrica, denominada apófise odontóíde, que se localiza exatamente na parte anterior do orifício vertebral do atlas. Na ver­dade, essa saliência substitui o corpo do atlas e funciona como um pino fixo, ao redor do qual o atlas gira livremente, nos amplos movimentos laterais da cabeça.

A COLUNA COMPLETA — No homem adulto, de estatura me­diana, a coluna mede de 70 a 75 cm; na mulher, tem, em média, de 60 a 65 cm. A coluna aumenta até os 25 anos e diminui, na velhice, devido ao achatamento dos discos intervertebrais.

A coluna vertebral não é retilínea e apresenta curvaturas em to­dos os mamíferos. Essas curvaturas são variáveis em número, si­tuação e modo de orientação, de acordo com a espécie animal. No homem há dois tipos de curvaturas naturais: as cifoses, curvaturas voltadas para trás, e as lordoses, voltadas para a frente. A razão dessas curvaturas é manter o centro de gravidade do corpo sobre a base de sustentação. No entanto, quando muito acentuadas, cons­tituem desvios da coluna.

Na mulher, a lordose lombar acentuada é uma característica se­xual secundária que aparece na adolescência. Durante a gravidez, a lordose lombar é aumentada pelo deslocamento do centro de gra­vidade do corpo para a frente.

MOBILIDADE — Cinco tipos de movimentos podem ser realiza­dos pela coluna vertebral: flexão, extensão, inclinação lateral, rota­ção e circundução. A porção da coluna que possui maior mobilidade é a cervical. Essa grande mobilidade implica uma adaptação das estruturas do pescoço, que têm de acompanhar os movimentos das vértebras. Daí, a característica disposição anatômica da traquéia, semelhante a um tubo sanfonado.

A mobilidade da coluna varia muito com a idade; é bastante grande no feto e na criança, diminuindo progressivamente com o envelhecimento. Isso ocorre porque os discos intervertebrais vão se achatando, ficam mais fibrosos e menos elásticos. A coluna se inclina para a frente, as vértebras perdem sua mobilidade e tendem a soldar-se entre si.

Os exercícios musculares podem manter e até mesmo desenvol­ver a mobilidade da coluna, o que evitaria o grande número de casos de pacientes que acorrem ao médico com a tradicional quei­xa de doença nos rins, quando o mal de que sofrem é, na verdade, constituído pelas artrites da coluna lombar ou dorsal.

Geralmente, a artrite é causada por vida sedentária, por colchões muito moles, má posição de trabalho e, também, por falta de exercícios musculares e vida ao ar livre.

FRATURAS E LUXAÇÕESTraumatismos diretos ou indiretos poderão determinar fraturas ou luxações da coluna. Os trauma­tismos diretos podem produzir fraturas dos processos transversos, dos processos espinhosos ou das lâminas dos arcos; raramente atingem processos articulares ou corpos vertebrais. Traumatismos indiretos, como queda de grande altura ou mergulho em piscina ra­sa, podem fraturar e deslocar corpos vertebrais, com lesões irre­versíveis da medula.

Quanto mais em cima for a lesão, pior será o prognóstico do caso. A maneira de remover o doente é fundamen­tal. A falta de cuidados pode fazer com que uma lesão insignifican­te se transforme em secção total da medula, o que determina a paraplegia. Os doentes que possivelmente tenham sofrido trauma­tismos da coluna nunca devem ser carregados pelos membros, e sim apoiados em maca.

Quando a lesão for na parte superior da coluna (com paralisação de todos os membros), o corpo deve ser levantado como uma peça rígida e colocado de costas numa maca.

Quando a lesão for na parte inferior (região torácica ou lombar), o doente deve ser transportado de barriga para baixo.